segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Fontes genéricas: A realidade por trás da aparência

A alguns bons anos freqüento fóruns de informática e sempre vejo as mesmas dúvidas se repetindo de tempos em tempos. São duvidas muitas vezes comuns, que ocorrem no dia-a-dia ao se usar um PC, um produto de uma área de tecnologia onde tudo vive em constante atualização.

Dentre essas muitas dúvidas, surgem velhas questões como “Qual processador comprar?”, “Qual a quantidade de memória indicada nessa configuração?”, “Que placa de vídeo devo comprar?” e muitas outras, mas um fator em especial sempre me preocupa por ser uma questão vital muitas vezes não levada a sério: A fonte de energia.

A uns 10 anos atrás até concordaria em dizer que a fonte de energia era um fator secundário no sistema. Estávamos nós, usando nossos Pentium MMX/K6 MMX com clocks máximos entre 233 e 266mhz, acompanhados de placas de vídeo 2D capazes de gerar resoluções “espantosas” próximas a 800x600 com todos os seus 2mb de memória. Bons tempos aqueles... A grande questão em torno disso é que os PCs consumiam até então no máximo 100W, potência essa que qualquer fonte AT era capaz de fornecer com certa sobra.

As coisas mudaram bastante desde então. A febre pelo poder de processamento e gráficos 3D complexos tornaram os PCs atuais maquinas sedentas por potência. Posso citar como exemplo os recém concebidos CPUs Quad-Core da Intel e AMD que podem chegar a quadruplicar o consumo de energia quando comparados a um CPU single core. Combinados com placas gráficas como a GeForce 8800GTX da nVidia e a HD2900XT da ATI então nem se fala! Mas qual o impacto disso tudo na fonte? Após alguns cálculos, chagamos fácil a quantidades exorbitantes de 500w de consumo, facilmente ampliados com a possibilidade de usar duas placas gráficas, no chamado SLI da nVidia e Crossfire da ATI.

Essa verdadeira salada de números é simplesmente ignorada pela enorme maioria, provavelmente por desconhecimento, falta de interesse ou talvez pela dificuldade de se entender onde tantos termos entram em ação e começam a fazer diferença em uma fonte.

E o que isso significa, onde está o problema no consumo elevado? A resposta é simples: Fontes genéricas.

Fontes assim chamadas, são aquelas produzidas por empresas que tem como único objetivo lucrar com mercadorias baratas e de procedência duvidosa. Quem nunca viu um teclado ou mouse de marcas famigeradas como clone, leadership, mtek, satellite e tantas outras? Infelizmente, os fabricantes tiram proveito do pouco conhecimento dos usuários e da incapacidade de se avaliar se o produto vendido condiz ou não com as especificações e lotam prateleiras com produtos de péssima qualidade.

Quando falamos de fonte de energia, não podemos contar com o “meio termo”. Ou um produto dessa área tem qualidade ou não. Uma fonte de energia de procedência conta com um projeto de primeira e o bom fabricante deve levar em consideração cuidados básicos na produção, entram ai questões relativas a segurança, como proteção contra curto-circuito, carga e temperatura. Todo o projeto deve contar com componentes de qualidade, que vão desde os dissipadores de calor até o material usado no revestimento dos fios. A fonte deve fornecer ainda estabilidade e amperagem adequada a potência em todas as linhas, principalmente nas linhas 12V. Uma fonte de qualidade respeita o projeto e especificações fornecidas e quando faz isso, respeita também o consumidor e seus direitos. Em compensação do outro lado, o fabricante genérico muitas vezes nem sabe o que vende, pois simplesmente compra o item pronto e revende, colocando apenas sua etiqueta por cima, sem qualquer preocupação ou controle de qualidade.

Fica evidente que muitos desses fabricantes usam de má fé para obter lucro, como exemplo cito uma tendência que surgiu a pouco tempo entre as fontes genéricas: Produto “bonitinho” mas ordinário. O mercado foi invadido por fontes de péssima qualidade com aparência e preço de produtos bons. Um bom exemplo disso são os modelos da Leadership na linha “gamer”, que tem aparência de uma boa fonte e a cara-de-pau do fabricante de rotular o produto como tendo “900w” quando na verdade não fornece nem ¼ disso. Outros produtos do tipo são as fontes “MTEK Big Fan” e “Satellite Dual Fan”, essa ultima afirmando ter 30 Amperes nas linhas 12V. Para se ter uma idéia do absurdo, raramente se encontra tal Amperagem mesmo em fontes de qualidade com potência acima dos 500w.

Quem compra uma fonte genérica talvez não saiba, mas está colocando em risco todo o seu sistema. Uma simples sobrecarga em uma fonte não preparada pode significar o fim de todos os componentes da máquina. Não se esqueçam, tudo no PC é alimentado pela fonte!

Os riscos de usar uma fonte que pode simplesmente arruinar o seu PC ou ainda pior vale a pena pela economia feita na compra? Existe mesmo sentido em não dar importância para uma fonte de marca e potência real, levando em conta que é possível adquirir um produto de procedência por preços muito próximos ás chamadas genéricas?

Não é nem necessário pensar muito para se chegar a resposta a respeito disso.

Leitura recomendada:

Diferenças entre duas fontes de 700w, uma genérica e uma de boa marca
Teste Leadership 700W: http://www.clubedohardware.com.br/artigos/1322
Teste OCZ 700W: http://www.clubedohardware.com.br/artigos/1302/1

Pessoal, estou inaugurando este blog hoje, então ainda deve demorar um pouco até que esteja 100%. De qualquer maneira, vai aqui um “artigo” sobre as fontes genéricas, espero que gostem e que sirva para abrir os olhos na hora de comprar uma fonte.

5 comentários:

Anônimo disse...

O pior é que é bem assim mesmo, eu mesmo já tive uma dessas Leadership e ela queimou.

Muito bom o blog, já inaugurou com tudo!

Anônimo disse...

Eu ja tive uma gamer da leadership de 600W (pior burrada que ja fiz, paguei R$ 120,00) e a desgraçada queimou, ainda bem que não levou nada junto. Só senti aquele cheiro de queimado. Eu não considero mais nada dessas marcas duvidosas tipo clone, mtek, leadership, etc... O que me diz das Dr. Hank? Abraço.

Juliano
CURTC

Esteban Maroto disse...

As fontes Dr. Hank também são fontes genéricas, não passam informações corretas a respeito dos produtos e não deixa de ter uma procedência "duvidosa", já que não passa de um produto fabricado por terceiros, como a grande maioria das fontes.

Como recomendação pessoal, diria para evitar fontes com procedência e qualidade duvidosa como essa.

Anônimo disse...

Muito bom, obrigado.

Anônimo disse...

Muito bom artigo Esteban, me tornei leitor assíduo do seu blog!
Grande abraço!